Chovia bastante, "mas mesmo assim, rock and roll", como diz a letra do Zeca Pereira. E, ignorando solenemente os argumentos da minha mãe, aflita com o temporal que desabava na cidade, decidi sair.
Liguei a minha Variant 72 ocre, o "Possante", (apelido dado por uma colega do trabalho) e lá fui eu, feliz da vida. Desci pelo Rio Comprido até a Praça da Bandeira, onde moravam o Leuter e vários outros amigos. Mas ao chegar na esquina da rua Ibituruna com a Mariz e Barros o bicho pegou: Ninguém conseguia passar. A rua estava alagada. Mas como a casa do Leuter ficava a poucos metros dali, decidi enfrentar. Sabia que se mantivese a aceleração a água não ia entrar pelo cano de descarga e o carro não afogaria.
" - Tranquilo", pensei. Poucos metros me separavam da casa do amigo, que havia preparado uma deliciosa batida de côco que só ele sabia fazer, pra gente levar pro passeio.
Acelerei bastante e com o pé esquerdo controlava a embreagem. Eu ia em primeira!
Mas eu havia esquecido que o piso da Variant estava furado embaixo do banco do carona e a água começou a entrar. Entrou entrou entrou e alcançou a altura do assento.
"Putz, que roubada!", pensei "mas eu chego lá. Falta tão pouco... vou virar essa esquina e..."
Chuááá! A água suja da Praça da Bandeira entrou pela janela quando um ônibus resolveu me ultrapassar na enchente. Miserável...
É claro que o carro morreu na hora. Com o susto e a água na cara, tirei o pé.
Não acreditei no que aconteceu. À deriva em plena Praça da Bandeira! E nada do carro pegar. Também pudera, com o platinado encharcado não há santo que resolva.
Nisso chegaram aqueles urubus que ficam à espreita de que algo assim aconteça e começaram a empurrar o carro para o viaduto que vai pra Presidente Vargas e deixaram o carro acima da enchente. Tive que dar um real molhado pros caras, que não gostaram muito mas partiram em outra missão na mesma hora.
E eu fiquei ali, dentro do carro, olhando pra verdadeira lagoa em que se transformou a Praça da Bandeira. Mas só por 5 minutos.
Ao me recuperar do choque, respirei fundo, tranquei o carro e rumei pra casa do Leuter. Cheguei ensopado até a alma. Bebemos uma lapada da batida pra recuperar as energias, enquanto Leuter ligava pras brotas para desmarcar. Passamos o resto da noite acabando com a batida. O guincho só apareceu na manhã do dia seguinte e levou a Variant para casa no guincho e eu, na carona.
Ao chegar olhei pra Dona Wald e falei: "- Mãe, que boca você tem!" e ela riu.
Depois dessa, fiz uma revisão total no carro, que ficou sensacional e ainda me acompanhou por um bom tempo. Valeu Possante!
2 comentários:
Chuva é fogo amigo!!!
Ainda mais com uma variant!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.....
Muito bom o texto!!!
"Depois dessa, fiz uma revisão total no carro, que ficou sensacional e ainda me acompanhou por um bom tempo. Valeu Possante!"
Parabéns!!!
Beijos.
Sonia Lins.
É muito ruim dirigir na chuva, ainda mais na Praça da Bandeira e pior quando o carro tem um rombo no assoalho! Obrigado Sonia. Seu comentário é importante para mim.
Beijos!
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