terça-feira, 5 de agosto de 2008

Declaração em forma de canção

Foto: Nina Victor

Aluno da Cultura Inglesa, achava um barato estudar lá, naquele ótimo estabelecimento situado na Tijuca, em terreno arborizado.

Aquela filial era composta por três casas de dois andares e tinha uma biblioteca fantástica.

Além disso, a minha turma estava repleta de meninas bonitas e, entre todas, uma em especial cativou minha atenção. Ela era uma gracinha e suas amigas a chamavam de Pingo. Nossos olhares se cruzavam a todo instante... uma tentação!

Completamente entregue àquela paixão adolescente ainda não declarada, coloquei meus sentimentos no papel e compus uma música para ela, onde cantava o seu nome e a chamava para namorar, de uma maneira muito poética.

Uma tarde, cheio de atitude, pensei com meus botões:
"- De hoje não passa!" e levei o violão para a aula de inglês.

Quando cheguei, a turma ficou alvoroçada! Minhas colegas acharam ia ter cantoria. Mas só uma escutaria minha voz naquele dia.

No final da aula, chamei-a pelo braço e confidenciei perto do seu ouvido:
"- Pingo, fiz uma música pra você. Quer escutar?"
Nessa hora, meu coração batia com força.
Ela disse sim!

Fomos para um local mais tranqüilo, ali mesmo no pátio da Cultura e, à meia luz - o ambiente estava perfeito - tirei o violão do 'case' e após uma afinação rápida, comecei a tocar.

Toquei, toquei e toquei. Caprichei no vocal e tentei colocar todo o meu sentimento na frase "Pingo de orvalho matinal, sacia minha sede grande com seu amor natural",

Quando terminei a execução, olhei e ela estava sorrindo.
Pensei "- Oba, vou me dar bem!"

Ela falou de forma muito carinhosa:
"- Helinho, a música é uma gracinha, obrigada, adorei! Mas agora vou ter que encontrar meu namorado e já estou atrasada!"

Tóim... Nunca enfiei a viola no saco tão rápido! Mas de certa forma, eu sabia. Afinal, um cara romântico geralmente ganha um não.

Fui pra casa triste, mas satisfeito por ter cumprido aquilo que tinha me proposto a fazer: mostrar a música para a gatinha que trazia no olhar um adeus.

Tempos depois, a música fazia parte do repertório fixo do Acidente e em 1981 entrou no primeiro disco da banda, chamado "Guerra Civil".

Caso queira me dar a honra de escutar a gravação, clique aqui!

6 comentários:

Anônimo disse...

Tadinho!
MAs garanto que a garota ficou envaidecida! Deve até ter contado pras amigas... ;)

Divinius disse...

A música faz sentir...)
:)

Sonia Regly disse...

Hélio,
Lindo post, parabéns!!!!
Sábado pretendo linkar todos os seus Blogs, dependo de minha filha, pois eu ainda não sei linkar.Sábado a seguro para fazer isso pra mim.Beijos.

helio jenné disse...

Nina, acho que ela ficou envaidecida sim e foi bem objetiva na resposta, rs. C'est la vie! Momentos assim, inspiradores, valem demais, em qualquer circunstância! Beijos para um bom fim de semana!

helio jenné disse...

De acordo, Divinius. Obrigado pelo seu comentário e seja bem-vindo!

helio jenné disse...

Legal que você gostou, Sônia. Se você lincar meus blogs, vou ficar feliz! Obrigado e bom fim de semana!